MURIAEENSE TROCA TRANQUILIDADE DO BAIRRO PLANALTO EM MURIAÉ PELA LINHA DE FRENTE NA GUERRA DA UCRÂNIA
16 de abril de 2025


Foram pelas ruas do bairro Planalto, em Muriaé, onde passou a maior parte da sua vida, Rafael Du Valle, de 28 anos, jamais imaginava que o destino o levaria tão longe – literalmente e emocionalmente. Hoje, ele veste farda em outro continente, com o coração dividido entre o amor pela terra natal e a missão de defender civis inocentes em plena zona de guerra. Rafael Du Valle é soldado do GUR, Grupo de Operações Especiais da Ucrânia, e atua na linha de frente contra as tropas russas.
Ex-militar da Legião Estrangeira Francesa, Rafael retornou ao Brasil na esperança de recomeçar. Casou-se, voltou a morar em Muriaé, mas se deparou com um cenário difícil: “Infelizmente, a cidade é grande, mas carece de oportunidades. Amo Muriaé, mas precisei buscar algo que me desse propósito novamente. Hoje estou na Ucrânia por falta de chance aí”, desabafa.
A guerra não é apenas uma batalha de nações, mas uma luta interna diária. “Tenho saudade de casa todos os dias. Minha esposa ainda está aí. Mas ela me apoia, sabe que essa busca é por conhecimento e, quem sabe, um dia, para voltar e contribuir com a nossa cidade”, diz o soldado.
Integrante do grupo de elite Blackout – nome que simboliza o “apagão” causado pela presença dos soldados –, Rafael vive em Kiev e participa de missões secretas em regiões onde os russos avançam. “É uma rotina pesada. Uma semana de treinamento, outra na linha de frente. Trabalhamos com defesa, reconhecimento e eliminação de ameaças. Cada missão é como ter a morte ao lado. Só Deus para nos proteger dos vermes russos”, afirma, com um misto de coragem e indignação.
A realidade da guerra é dura, mas Rafael encontra forças no apoio dos ucranianos. “As pessoas aqui são muito gratas. Nos agradecem nas ruas, nos mercados, nos tratam com respeito. Já se acostumaram com a guerra, mas ainda vivem perdas diariamente. Crianças morrem todos os dias.”
Mesmo em meio ao caos, ele conta que a adaptação ao país foi surpreendentemente tranquila. “O povo é educado, gentil. A única dificuldade foi o frio: cheguei com menos 9 graus. Mas a alimentação é boa, a estrutura é feita para mantermos o mínimo de conforto e conseguirmos lutar bem”.
Com dois meses de atuação em solo ucraniano, Rafael enxerga o futuro com propósito. “Quero continuar por aqui um tempo. Depois, voltar para Muriaé e montar uma escola de cursos de sobrevivência, tiro, táticas militares… algo que possa preparar jovens, militares da ativa e até civis. Quero devolver para minha cidade o que aprendi por aqui.”
Neste domingo, a Rússia disparou dois mísseis contra a cidade ucraniana de Sumy e deixou pelo menos, 34 mortos e 84 feridos. Segundo autoridades ucranianas, o ataque atingiu o coração da cidade por volta das 10h15 do horário local – 4h15 do horário de Brasília. Vídeos divulgados em canais oficiais mostram corpos no chão, em meio a destroços e fumaça, no centro de Sumy. Nas redes sociais, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falou sobre os trabalhos de resgate em andamento, se referiu à Rússia como “escória imunda” e também pediu uma resposta global ao ataque.
Fonte: Rádio Muriaé