PALAVRA DO PADRE – COM PADRE JAMIR
11 de março de 2018DEUS AINDA EXISTE?
A era moderna inaugurou-se com o advento da descoberta do uso da razão. Descobrimos nossa existência a partir do pensamento. Com o desenrolar da filosofia moderna o homem emancipou-se do sagrado e busca respostas para a grande maioria de suas indagações no universo do conhecimento. Pois antes, o que era inatingível por pertencer ao mundo dos deuses, o ser humano silenciava-se diante do mistério.
O desenvolvimento das ciências humanas possibilitou o homem conhecer mais profundamente as suas principais características enquanto humanum. A antropologia deu sua grande contribuição para que conhecêssemos aquilo que faz parte da essência do ser humano. Descobrimos nossa potência racional e ao mesmo tempo as nossas mais miseráveis fragilidades. No campo da saúde e das ciências médicas, por exemplo, fomos capazes de vencer obstáculos fundamentais na linha reprodução humana, transplantes de órgãos e micro cirurgias fazendo uso da nanotecnologia. Um sucesso!
O homem encantou-se tanto com as novas descobertas que, alguns até dispensaram Deus de suas vidas. A consequência lógica foi a descoberta do vazio. A antropologia ensina que a dimensão religiosa é inerente ao ser humano. Toda pessoa é religiosa por excelência. Negar essa realidade é cavar o próprio abismo. E se se busca nos dicionários o conceito de religião, vamos encontrar como resposta “a crença em Deus”. Daí muitos afirmarem serem religiosos, mas, não pertencentes a uma Igreja.
Segundo os estudiosos da psicologia da religião, vivemos hoje, uma volta ao sagrado,mas não institucionalizado. O homem busca Deus por se deparar com seus próprios limites existenciais. Requer o reconhecimento por sua parte de outra dimensão sua, que é a social. E se possuímos variados grupos de convivência, por que não admitir a importância e a necessidade do grupo que se forma em torno da fé?
Dispensar Deus na vida é uma tentativa de auto endeusamento. É a criatura, na sua ignorância, requerer as condições de criador. E continuar convivendo com a falsa ilusão de que Deus não existe e de que, ela é ela mesma, e suas circunstâncias. Mas chegará o momento único e singular que a própria pessoa será capaz de, convivendo com suas próprias fraquezas e debilidades humanas, admitir a existência e a necessidade de uma energia superior que a conforte e a satisfaça. Uma vez que nenhuma realidade puramente humana poderá realiza-la em sua plenitude.
Pe. Jamir Pedro Sobrinho – Pároco da Paróquia de Santa Luzia de Carangola