COMO RECONHECER JESUS EM TEMPO DE CRISE

O nascer, o viver e o morrer são etapas do grande mistério da existência. Nós humanos temos muitos momentos felizes e também passamos por situações difíceis marcadas pela tristeza, sofrimentos, dores, angústias, decepções e até a morte. Convivemos com essa diástole e essa sístole da vida. Muitas vezes passa pela cabeça o grande desejo de abandonar tudo, inclusive nossos projetos pessoais, devido ao enfrentamento de grandes desafios que nos tornam impotentes na busca de soluções.

O Evangelista Lucas narra, em seu capítulo vinte e quatro, uma experiência decepcionante de dois dos discípulos de Jesus. Após presenciarem uma prisão, julgamento, condenação e morte do inocente Mestre, que passou por esse mundo fazendo o bem, e, incompreendido pelas autoridades do seu tempo.Não foram capazes de compreender tamanha decepção. Abandonaram Jerusalém e foram para Emaús, “lugar de mais tranquilidade”.

Os dois, marcados pelos episódios da aparente derrota de seu Mestre, andavam tristes comentando e discutindo todas as marcas negativas do projeto frustrado. Quando estamos decepcionados caminhamos como que, cegos, e não enxergamos nada além do problema vivido. Às vezes deixamos os problemas falarem mais forte que nossa fé. E nos ocupamos mais das situações limites do que das próprias conquistas. E diante da dor e do sofrimento que nos sufocam tanto, nem conseguimos ver Jesus caminhando conosco.

Deus nunca nos abandona. Nos momentos difíceis da vida, Jesus se aproxima para caminhar conosco e ouvir nossos lamentos. Abre-nos a inteligência para compreendermos as Escrituras e ilumina nossas dores com suas próprias. Só entendemos o sofrimento humano à luz do sofrimento do Filho de Deus. Ele carregou sofre si as nossas dores.

E se chegarmos ao nosso destino caminhando com Cristo e iluminados pelas Escrituras, nossos olhos só serão abertos se, no caminhar com Ele, experimentarmos a Partilhar o Pão. Sentar-se à mesa com Jesus é muito mais que receber a Hóstia consagrada. É comungar o seu projeto de vida. É aceitar e cumprir os mandamentos do Pai. E acima de tudo ter a coragem de testemunhá-Lo perante o mundo. Falta em muitos batizados esse compromisso com a fé. Para muitos a sexta-feira santa está mais presente que o domingo da Páscoa. E os “Aleluias” da vida quase desaparecem diante das situações de morte que nos rondam.

Se fizermos a experiência do Senhor Ressuscitado em nossa vida, perderemos o medo de enfrentarmos os desafios da existência e ganharemos coragem para retornarmos à “Jerusalém”. Assim estaremos prontos para testemunhar: ele caminha conosco, nos revela as Escrituras e nos faz conhece-Lo na Partilha do Pão.

Pe. Jamir Pedro Sobrinho

Pároco da Paróquia de Santa Luzia de Carangola

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