Dia dos Namorados é…      São Valentim ou Antônio?

Uma das principais características do ser o humano é a capacidade de amar e de sentir-se amado. É o amor que nos impulsiona para a oblatividade. Capacidade de dar e receber gratuitamente sem interesse pessoal. E nunca podemos confundir o amor com sentimento simplesmente. O amor é o que o amor faz. Amar é fazer e querer o bem do outro.

Atualmente notamos um desgaste e, às vezes, um uso distorcido do vocábulo amor. Muitas pessoas nem acreditam na capacidade e na possibilidade de duas pessoas se amarem por toda a vida. Talvez fruto do predominante pensamento moderno do provisório, as pessoas de hoje têm uma grande dificuldade de assumir um compromisso que dure a vida toda. Inclusive as relações pessoais andam muito na linha do “ficar” sem compromisso. O relacionamento torna-se, muitas vezes, caroneiro, isto é, vou até onde me interessa, chegando ao ponto da minha pretensão, bato a porta e parto para outra.

Já se falou muito numa sociedade hedonista que vitima milhões de pessoas a trocar o amor pelo prazer momentâneo. A pessoa entende não ser um corpo, mas ter um corpo que serve até como meio de produção. Tendo um corpo bonito eu posso ganhar muito dinheiro. Passamos do moralismo do “não pode”, para o liberalismo do pode tudo. Este é um rosto muito sutil de um tipo de moralismo moderno que não deixa as pessoas agirem com liberdade mais. Eu tenho que me enquadrar no modelo atual, do contrário serei considerado careta.

O resultado de tudo isso é o empobrecimento das relações entre as pessoas. Pois, seqüestrados pela artificialidade somos vítimas de um relacionamento passageiro onde muitos “ficam” a vida toda sem experimentar o verdadeiro amor. Vivemos num tempo virtual. Somos ricos de meios de comunicação, mas ao mesmo tempo muito pobres na inter-relação. Inclusive o namoro se beneficia da virtualidade.

Por volta do século III, o imperador romano Cláudio II, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército, proibiu o casamento em seu reino, acreditando que os jovens solteiros se alistariam com mais facilidade do que se constituíssem família. No entanto, contrariando o imperador, um bispo romano chamado Valentim continuou celebrando casamentos em segredo por acreditar no valor da família. Esta prática foi descoberta resultando na prisão e na condenação à morte do bispo. Enquanto estava preso, muitos jovens levavam-lhe flores e bilhetes afirmando que ainda acreditavam no amor. Decapitado no dia 14 de fevereiro de 270 d.C., tornou-se o padroeiro dos namorados que acreditam no amor. Por isso celebra-se até hoje, no continente europeu, o dia de São Valentim como o dia dos namorados. Dia de manifestar o amor através do envio de flores, como sinal do amor de um pelo outro.

Aqui no Brasil o dia dos namorados não tem a mesma história. Acreditando na lenda de Santo Antônio casamenteiro, na década de 40, um marqueteiro inventou o dia 12 de junho como sendo o dia dos namorados. Data para trocar presentes com aquele ou aquela que poderá será o futuro cônjuge. A data tem um sentido puramente comercial. O essencial ficou sem o verdadeiro significado.

Dia dos namorados é dia para reafirmar o crédito no amor. É tempo para valorizar a pessoa do outro com quem se planeja viver o verdadeiro “casamento”. Pois sabemos que o Criador fez o homem e a mulher como seres completos. Mas deu à sua mais sublime criatura, a carência existencial do outro. Por isso uma relação amorosa entre as pessoas, sobretudo entre um homem e uma mulher que projetam uma vida a dois, jamais poderá ser marcada pela superficialidade. Mas deverá ser a mais perfeita busca do dar e receber no enriquecimento mútuo, onde um colabora para que o outro si sinta mais humano possível.

O Dia dos Namorados deverá ser sempre o dia do verdadeiro amor que gera família. Que a Sagrada Família proteja sempre todos os namorados.

Pe. Jamir Pedro Sobrinho

Pároco.

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