PALAVRA DO PADRE: LEIA O TEXTO “DOMINGO COM MISSA, SEMANA COM GRAÇA” – COM PADRE HIGOR LUIZ
29 de agosto de 2024“Domingo com Missa, semana com Graça”
Se você já participou de uma Missa dominical presidida por mim, provavelmente, já ouviu essa frase; ou, talvez, já tenha se deparado com ela em algum story ou status por aí. Na verdade, eu preferi adaptar a que, por primeiro, ouvi de minha mãe: “Domingo sem Missa, semana sem graça”. Entendi que, observando o mais próximo do senso comum e para além de uma “teologização”, a adaptação soaria bem e se encaixaria melhor à realidade, pelo menos no modo como a maioria a percebe. Afinal, é bem possível, por Misericórdia de Deus, que, mesmo que uma pessoa não participe da Missa, ela receba uma graça ou encontre graça em alguma outra coisa. O próprio fato de ela estar viva denota isso. Entretanto, vejo que minha adaptação faça ainda mais sentido: independentemente do caos que um filho de Deus possa experimentar dentro de uma semana, inclusive dentro do espaço do templo – pode acontecer! – só por participar da Missa ele já recebe, toma parte numa Graça, consciente disso ou não.
Tenho, ainda, insistido com os católicos: participem da Missa todo domingo! Eu poderia, simplesmente, justificar apontando para o preceito e a incorrência em pecado grave quando há essa falta sem justa causa. Mas, para bem da verdade, há muitas outras boas razões e benefícios. Tentarei citar alguns.
Se uma pessoa segue os Evangelhos e outros ensinamentos bíblicos; se uma pessoa se declara cristã, haverá de se esforçar por obedecer aos Mandamentos, isto é, por “amar a Deus sobre todas as coisas” e, em decorrência, por “guardar os dias santos”; a exemplo de Jesus e de seus discípulos, rezará solitária e comunitariamente, frequentará o templo; celebrará o memorial da última Ceia, como se fez por todos os séculos que se seguiram ao gesto de Jesus.
Se alguém deseja seguir Jesus e viver mais intimamente com Deus, dedicará todos os dias a Ele, e, pelo menos num dia na semana, expressará isso participando da Sagrada Liturgia, “cume e fonte da vida cristã”. Quem é batizado se liga a isso de alguma forma. Quanto mais alguém se empenha por ser coerente e autêntico na busca das coisas de Deus, amando-o sobretudo, tanto mais não abrirá mão da celebração dominical, eucarística, se possível; se organizará, pois, para que Deus seja prioridade em sua vida, em sua família, em sua semana, e o “Dia do Senhor” será tratado como tal, para que, ao final, todos os outros dias também sejam realmente Dele.
Se uma pessoa crê em Deus e crê em Jesus como o “Filho de Deus”, saberá da importância da Igreja. Consequentemente, ainda que seja de vez em quando, haverá de procurar a Igreja. Assim também costuma se comportar quem entende que a religião é importante para uma vida mais correta. E por que buscar de vez em quando, e não frequentemente? Se é por descuido, negligência ou preguiça, deverá se sentir chamado a vencer o mal. Se é por conveniência, deverá se sentir chamado a amar e a progredir na presença daquele para quem “nada é impossível”, e ao qual pedimos “seja feita a Sua vontade”. Se é por causa de um bom caminho, deverá se sentir chamado a permanecer nele e se cuidar para não se desviar. “Mas, Padre, fico sem jeito, não posso comungar porque vivo em situação irregular!”. Respondo: vá mesmo assim. Ofereça seu desejo, sua necessidade e seu amor por Jesus Eucarístico, peça força e veja o que é possível para se regularizar, procure um aconselhamento com seu pároco, ou diretor espiritual, alimente-se da Palavra e testemunhe com o seu possível.
Eu pensei em colocar aqui outras (digamos que) possíveis desculpas e alternativas de respostas. Contudo, eis uma dica psicoterápica: se você não é assíduo, questione-se a si mesmo, com humildade e sinceridade, sobre a validade de seus argumentos para não ir à Missa com frequência, abra o seu coração diante de Deus e diante de um servo Dele; e dê passos de evolução também na vida espiritual, pois não avançar é retroceder. Nem sempre é fácil viver consoante os imperativos da Verdade e do Amor. Deus nos dê inteligência, coragem e força, e nos livre do ateísmo prático!
Um desabafo: ao final deste texto, tive a sensação de que não consegui comunicar tudo o que eu desejava sobre a importância da participação constante nas Missas, pelo menos aos domingos e outros dias de guarda. Talvez, fosse necessário um livreto, sei lá. Às vezes, temo que as palavras nem comuniquem o afeto que, com elas, eu aspiro transmitir. O que eu desejo mesmo é que todos façam essa experiência transformadora, que me parece ser uma questão de coerência para quem diz ser católico e acreditar no Deus “cristão”, e uma questão de disciplina, que ajuda a orientar a vida pessoal, familiar, social, pondo Deus como centro, fundamento e prioridade. As bênçãos são indizíveis, mas podemos começar a contá-las a partir de quem pediu e foi atendido ou de quem sabe como a Palavra de Deus, vivida amplamente, tem poder para mudar para melhor os rumos de nossa história.
PADRE HIGOR LUIZ – Vigário da Paróquia de Santa Luzia em Carangola