PALAVRA DO PADRE: LEIA O TEXTO “EDUCAR(-SE) É DESAFIADOR” – COM PADRE HIGOR LUIZ
4 de fevereiro de 2025
Educar(-se) é desafiador
A Paz!
Toda sexta-feira apresento, pela Rádio Educativa de Carangola (96.7 FM), às 11h, o “A Voz da Paróquia”. A “Palavra do Padre” do final deste mês, aqui no Carangola Notícias, é, praticamente, uma síntese do programa deste 31 de janeiro, em que falei sobre Dom Bosco, filhos e educação.
A 31 de Janeiro, a Igreja celebra a memória de São João Bosco: um padre italiano, de Turim, do século XIX, que dedicou sua vida, especialmente, aos cuidados dos jovens de seu tempo. Em sua vida se realizou o que ele sonhou aos nove anos de idade. Nesse sonho, ele foi repreendido por Jesus. Ele foi castigar com grosseria alguns moços que estavam brigando, mas Jesus o ensinou que ele deveria intervir com mansidão. Com alegria, criatividade e bondade, ele assim fez. Fundou um grupo de adolescentes, e o dedicou a São Francisco de Sales. Foi o início dos Salesianos, grande obra voltada para a educação infantojuvenil. Vale a pena procurar saber mais sobre a biografia e o legado dessa personalidade ímpar.
Dos escritos de Dom Bosco, a Igreja destacou para o Ofício das Leituras, uma carta que ele escreveu orientando sobre o modo como se deve educar. Para um melhor aproveitamento do estimado leitor deste meu artigo, deixo abaixo a carta na íntegra. Creio que, fácil e espontaneamente, ao lê-la, surgem reflexões, exames de consciência e motivações em vista do aperfeiçoamento pessoal, familiar e profissional. Claro, sobretudo para os vocacionados à arte de educar: pais, professores, líderes etc. Uma ótima indicação às vésperas do ano letivo, inclusive para recordar que os primeiros professores são os próprios pais, e que os professores, por sua vez, recebem uma missão quase paternal/maternal. Entretanto, cada um e todos devem fazer sua parte em clima de colaboração.
Uma conclusão primeira da Carta: não é fácil educar, pois requer educar-se. É preciso, portanto, não apenas ter esperança no outro, mas também em si mesmo. Sublinho a ênfase dada pelo autor na importância da argumentação sábia e do autocontrole do educador; e sua fé realista ao pontuar que, em alguns momentos, uma oração servirá mais que um sermão.
Eu paro por aqui, com este meu artigo, quase que abruptamente mesmo, para que a leitura da Carta que segue seja, doravante, uma fonte de inspiração.
Deus abençoe. Até mais!
CARTA NA ÍNTEGRA
Das Cartas de São João Bosco, presbítero
(Epistolario, Torino 1959, 4,201-203. Séc.XIX)
Sempre trabalhei com amor
“Antes de mais nada, se queremos ser amigos do verdadeiro bem de nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela foi sempre o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação salesiana.
Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e suavidade.
Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga, conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mau humor.
Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu serviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor servirmos.
Assim procedia Jesus com seus apóstolos; tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos dele a ser mansos e humildes de coração.
Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de tal modo que pareça totalmente dominada. Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais e conseguireis uma verdadeira correção.
Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não têm proveito algum para quem as merece.”
Pe. Higor Luiz – Vigário Paroquial de Santa Luzia – Carangola-MG