PALAVRA DO PADRE: LEIA O TEXTO “O EXTRATO DE VOCÊ” – COM PADRE HIGOR LUIZ
18 de abril de 2025
O EXTRATO DE VOCÊ
Da cana-de-açúcar moída: a doce garapa, o melado, o açúcar; da uva pisada: o vinho; da azeitona prensada: o azeite. E de você o que sai, ou haverá de sair? Qual o seu aroma? Qual o seu extrato? No fogo, o ouro é provado. As tribulações propiciam o autoconhecimento. Algumas coisas só podem ser produzidas ou transformadas depois de um processo de dor. Ninguém o deseja. Mas, quando vem, se torna uma real oportunidade.
O exemplo mais sublime é daquele a quem chamamos de “Nosso Senhor”: o justo, o inocente e santo, que foi condenado injustamente, acusado de blasfemo e de revolucionário, mas que, mesmo sendo perseguido e incompreendido constantemente, seguia seu caminho, amando, curando e ensinando, perdoando e orando até mesmo por seus carrascos: amando até o fim, enquanto do seu desfigurado corpo jorrava o sangue redentor da humanidade. “Hoje o mundo ainda tem medo de Jesus, que tinha tanto amor”, canta padre Zezinho. Ainda hoje, continuam zombando, incompreendendo e perseguindo a Ele, que só sabe amar, e aos seus seguidores.
Assim também contemplamos nos Apóstolos. Completam neles o que Cristo realizou. São profundas, por exemplo, as cartas que São Paulo escreveu na prisão. Além de sua visão teológica, elas transcrevem o coração de um homem transformado pela graça de Deus; de quem na sua perseguição, prisão, dor física e moral, continuava a elevar seu espírito a Deus e a exortar e a animar sua comunidade. Seu testemunho de combatente agraciado exprime, corajosamente, o que lhe fora predito: era ele um vaso escolhido, que muito sofreria por causa do Nome.
Do mesmo modo, personagens ocultas e famosas, ao longo dos séculos, antes e depois de Cristo, viveram sua fé. Simbolicamente, o Livro do Apocalipse fala da grande multidão que perseverou na fé, alvejando suas vestes no sangue do Cordeiro. A Igreja primitiva crescia regada pelo sangue de seus mártires (não diferentemente da de hoje). Temos, igualmente, os testemunhos dos Santos Padres; e assim por diante. Nunca faltaram à Igreja o exemplo e a intercessão de homens e mulheres que deram a vida por Jesus e pelo próximo.
A “História de uma alma” narra os sofrimentos e a visão da querida Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. A jovem carmelita que, afligida pela incompreensão de suas convivas, e por sua doença e pela noite espiritual, oferecia ao Senhor seu amor, sacrifício, preces e nos deixou um legado de delicadeza, confiança, força na fraqueza e de fé, de quem encontrou no Amor a resposta por sua ânsia e vocação.
E você, o que faria se, numa guerra mundial, visse um patriarca suplicar que não fosse assassinado, porque tinha sua família para criar? Colocar-se-ia à disposição para o substituir, como fez São Maximiliano Kolbe? Ou: teria a coragem de acolher em sua casa perseguidos por causa da maldade, mesmo sabendo que isso poderia custar sua vida? Como fez a beata família Ulma (um casal e os 7 filhos), que foi executada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, por dar abrigo a cidadãos judeus…
Na dor, na prova, na tribulação: O que produzimos? Quem somos? O que seremos? Deus o sabe. Alguns o contemplam. Chamados somos a nos autoavaliar e, sobretudo, a oferecer o melhor, cada vez mais parecido com o suave odor de Jesus Cristo.
Eis uma boa reflexão para exame de consciência!
A Semana Santa, com a Graça de Deus, há de nos ajudar, ainda mais, a aprofundar nessa reflexão, nessa vivência, nessa nossa santa vocação.
Sigamos juntos!
Pe. Higor Luiz Arantes Nepomuceno – Vigário Paroquial de Santa Luzia – Carangola – MG