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PALAVRA DO PADRE – COM PADRE JAMIR

21 de fevereiro de 2018

A VIDA: UM CONTÍNUO PROCESSO DIALÉTICO

O conceito “vida” nos remete a uma idéia de dinamicidade. Quando falamos em vida, por mais amplo que seja o conceito, nosso cérebro processa algo que nos transcende a nós mesmos. Um dos dicionários da língua portuguesa trás em seu verbete vida: estado de atividade incessante, comum aos seres organizados; tempo que decorre entre o nascimento e a morte; existência… e o mesmo verbete fala de vida eterna como “existência espiritual depois da morte; a bem-aventurança…

O processo dinâmico vital faz com que os organismos vivos circulem numa cadeia de movimentos dinâmicos capazes de transformações constantes. A vida é dinamismo. A vida é explosão constante e abertura ao novo. Mesmo que haja empecilhos naturais ou provocados, que ameacem a vida, sua força existencial não se intimida frente aos obstáculos. Viktor Frankl experimentando as antíteses da vida no campo de concentração no período da segunda guerra mundial afirma: “a vida tem um sentido potencial sob quaisquer circunstâncias, mesmo as mais miseráveis”. Esta consciência move os seres humanos, uma vida entre tantas que compõem o cosmos.

O filósofo idealista Georg Hegel concebia a realidade como uma perfeita racionalidade; uma racionalidade não estática, mas dinâmica, em constante desenvolvimento. Olhando a realidade, ele elaborou o método dialético observando o próprio dinamismo da vida. Por exemplo, o dia percorrendo vinte quatro horas sempre oportuniza um recomeço; a semana perfazendo sete dias possibilita um reinício; o mês e o ano entram no mesmo ritmo. Na liturgia, o próprio ciclo litúrgico nas faz experimentar a cada ano um recomeço. Porém a realidade é marcada por situações de tese, antítese e síntese.

A tese do otimismo vital não deixa de conviver com as antíteses da existência. No que tange à vida humana tem algo de específico da espécie que mobiliza ainda mais a humanidade – a capacidade de amar e ser amado. Dentro do ambiente mais hostil que o ser humano possa experimentar, como aquele de Auschwitz, Viktor Frankl tentando achar sentido na vida, dizia que “o amor é, de certa forma, o bem último e supremo que pode ser alcançado pela existência humana”.

Parafraseando o poeta, “a vida é bonita, é bonita e é bonita”. A expressão máxima do processo dialético da vida, nós o encontramos no protótipo humano, Jesus Cristo, que percorreu este mundo ensinando o essencial para a existência humana resumindo toda Lei e os Profetas numa atitude – amar. Quem ama conhece a Deus; quem não ama não chegou nem conhecer a Deus, pois Deus é amor, princípio vital de todas as coisas. Amar é viver. Isto é Páscoa. O amor vence o ódio, a vida vence a morte, a existência cristã experimenta a eternidade.

Feliz Páscoa para você e sua família!

Pe. Jamir Pedro Sobrinho