Nós, seres humanos, todos mortais, gostamos de conversar sobre todos os assuntos que nos envolvem em nosso cotidiano.  Sentimo-nos no desejo e na necessidade de interação. É próprio do ser humano a “con-vivência”, a “co-existência”. E os assuntos mais concorridos são aqueles que nos levam a experimentar o aspecto lúdico da vida. O que nos trás alegria e felicidade, gostamos sempre de conversar e partilhar até virtualmente. Mas, embora faça parte da realidade humana, ninguém “gosta” de conversar sério sobre a morte. Quando o assunto é abordado, muitas vezes é de maneira jocosa. Brincamos com a seriedade da morte.

Quando uma pessoa vai a óbito, sendo morte natural ou não, a primeira atitude que se tem é cobrir o corpo ‘sem vida’. Tentamos de tudo ficar com a imagem da pessoa ‘em vida’. Temos dificuldade de encarar a morte como um acontecimento que faz parte da existência humana. O mistério da morte nos assusta. E ainda temos muitas doutrinas humanas que encaram a morte como fim de tudo, assustando ainda mais quem permanece biologicamente existindo. A morte não é o fim da existência da pessoa. É apenas uma separação. É fim da matéria biológica. Mas o Ser continua existindo.

A doutrina cristã nos afirma que tivemos um princípio – Deus; e nos eternizamos. Vivemos na grande placenta do mundo sendo gerados para a eternidade. Fomos salvos pelo sacrifício de Cristo na cruz sem mérito algum de nossa parte. Todo aquele que crê em Cristo, ainda que morto viverá; e quem crê e vive Nele não morre. O Apóstolo Paulo nem fala de morte. Fala daqueles que dormem em Cristo. Porque ao sermos batizados somos sepultados com Ele e ao mesmo tempo ressuscitados com Cristo para uma vida nova. Somos novas criaturas em Cristo. E Ele já afirmava que todo aquele que for batizado e Nele crer será ressuscitado no último dia.

O que Jesus pede é para não termos um coração perturbado. Mas termos fé Nele e no Pai também. Ao afirmar que na casa do pai têm muitas moradas Ele nos disse que quer que estejamos lá onde Ele está. E se apresenta como Caminho, Verdade e Vida. Portando a vida após a morte não é uma ilusão, uma possibilidade, mas uma certeza para os que possuem a fé. E para os que não a possuem já temos constatações cientificas que pessoas que, em estado de coma, experimentaram a realidade do ‘Além’ como certeza e garantia de uma realidade indescritível do ponto de vista de nosso vocabulário. ‘Uma prova do céu’ já é matéria de tese entre médicos norte-americanos para garantir o obvio. Não somos seres puramente biológicos. Mas também seres espirituais.

Hoje viemos na tentativa de superar a visão dicotômica do homem herdada dos pensadores gregos. Mas cada dia mais cresce o conceito do ser humano como um composto de corpo-alma-espírito. Gozamos de uma realidade terrestre e temos a certeza de outra, a celestial. Fomos criados para a eternidade.

Padre Jamir Pedro Sobrinho – Pároco da Paróquia Santa Luzia em Carangola